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Artigo: A tecnologia como mecanismo para a resiliência dos sistemas de abastecimento de água




Artigo: A tecnologia como mecanismo para a resiliência dos sistemas de abastecimento de água

25/09/2018

Ana Paula Pereira da Silveira

Por muitos anos, o principal desafio das concessionárias de abastecimento de água foi a universalização dos serviços, ou seja, levar água para todos. Na maioria das grandes metrópoles esse desafio foi superado, vindo à tona temas como eficiência, que seria produzir e distribuir água com o menor custo viável e resiliência, que é a garantia da constância da distribuição.

O desafio de garantir a resiliência aumenta na medida em que os recursos hídricos se tornam cada vez mais escassos seja por baixa qualidade ou quantidade. Então, a tecnologia surge como aliada nesse processo de garantia da resiliência.

Com essa escassez de recursos hídricos, precisamos buscar diversificar as fontes de água. No processo convencional clássico, busca-se água bruta de mananciais que se constituem basicamente de lagos artificiais superficiais, que além de causar impacto devido ao alagamento da área, possui requisitos topográficos do terreno e água em quantidade suficiente.

Essas condições estão tornando cada vez mais difícil a construção de novos reservatórios e cada vez mais estão importando água de grandes distâncias, o que encarece muito o processo.

Para prevenir crises hídricas há alguns fatores importantes a serem considerados. Um deles é a mudança de hábitos da população. Usar a água potável de forma racional é um grande aliado na prevenção de crises. O uso de fontes alternativas para o abastecimento dos pontos de consumo de água não potável é uma importante prática na busca da sustentabilidade hídrica. Dentre as fontes alternativas pode-se citar o aproveitamento da água da chuva, o reúso de águas servidas e a dessalinização da água do mar (GONÇALVES, 2006). Mas não é suficiente, é preciso mais. Diversificar as fontes de água é uma alternativa para trazer resiliência aos sistemas. E essa diversificação depende muito do avanço tecnológico. É de conhecimento notório que não há uma única solução para o problema de escassez hídrica, o ideal é que se tenha múltiplas fontes para suprir as crescentes demandas. Tratamentos avançados como reuso de águas residuárias e dessalinização se configuram como alternativas já viáveis econômica e tecnicamente.

Para se ter uma ideia da viabilidade da aplicação dessas novas tecnologias, até o final de 2018 há a previsão de investimento da ordem de US$15,3 bilhões em dessalinização no mundo (COELHO, 2018), além de investimentos em reuso.

Além disso, importantes regiões brasileiras estão passando por secas severas e até processos de desertificação, o que mostra que técnicas de dessalinização, novas tecnologias e equipamentos que permitem a reutilização de água são oportunidades nessa área (COELHO, 2018).

Portanto, conforme o exposto acima, num mundo onde a velocidade do desenvolvimento tecnológico é tão grande e as coisas acontecem de forma tão dinâmica, precisamos testar e aprimorar as tecnologias de forma a trazer benefícios para a sociedade, mantendo sempre a visão de sustentabilidade para que possamos deixar o mundo na melhor condição possível para as gerações futuras, mesmo com toda a dificuldade que temos em saber qual seria essa condição.

 

Referências

COELHO, José Ricardo Roriz. Macrotendências Mundiais. São Paulo: Fiesp, 2018.

GONÇALVES, Ricardo Franci (coord). Uso Racional da Água em Edificações. Projeto PROSAB. Rio de Janeiro: ABES, 2006.

Ana Paula Pereira da Silveira

Formada em Biologia, pela Fundação Santo André (2007) e Tecnóloga em Hidráulica e Saneamento Ambiental, pela FATEC-SP - Faculdade de Tecnologia de São Paulo  (2012). Mestre em Tecnologias Ambientais pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (2012). Doutoranda do programa de Energia da Universidade federal do ABC. Coautora do livro Ciclo Ambiental da Água (2012). Coautora do livro Dessalinização de Águas (2015). Foi docente das disciplinas: Introdução à Hidráulica e ao Saneamento Ambiental da FATEC-SP, Construção de Sistemas de Drenagem Urbana, Biologia Sanitária. Atuou como docente da disciplina Hidráulica, hidrologia e monitoramento, do curso de Especialização em Gestão de Recursos Hídricos Do Senac Jabaquara (2015, 2017), foi docente titular da área de hidráulica e saneamento do curso de Engenharia Civil da Universidade Cidade de São Paulo - UNICID e atualmente é tecnóloga da SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo atuando na área de responsabilidade Socioambiental e desenvolvimento de fornecedores. Faz parte do Grupo de Pesquisas sobre Dessalinização de águas salobras e salinas da FATEC-SP. E coordenadora adjunta da Câmara Técnica de Educação Ambiental da ABES-SP.

 

 

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